Entrevista a : António Nora (Floresta Atlântica)
Francisco Ramos, Director Comercial Ibérico da Forêt Investissement, apresenta-nos as profissões florestais em Portugal. Ele fala sobre a profissão de engenheiro florestal em Portugal através do testemunho de António Nora, que trabalha para a Floresta Atlântica.
Focus sobre uma profissão internacional : o engenheiro florestal.
Descreva-me a sua atividade
António Marques Nora, 49 anos, licenciado em Engenharia Florestal pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sou gestor florestal na Floresta Atlântica – Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário.
Qual é a sua intervenção nas propriedades que gere?
Sou responsável pela gestão agroflorestal de todas as propriedades que a Sociedade Gestora gere, tendo em vista a sua melhor utilização e rentabilização, numa perspetiva de desenvolvimento sustentado.
Qual foi o seu percurso?
Comecei, há mais de 25 anos, numa Consultora como projetista, onde acompanhei obra de instalação de novos povoamentos florestais em milhares de hectares, fui sócio numa empresa de trabalhos florestais, de paisagismo e jardinagem. Passei pela fiscalização de obras, numa empreitada gigante, a Desarborização e Desmatação da Albufeira de Alqueva, o maior lago artificial da Europa. A partir 2005 passei a dedicar-me aos Fundos de Investimento Imobiliário Florestais.
Possui alguma especialidade?
Sou um “clínico geral”, percebo um pouco de tudo, e busco um especialista quando tenho que aprofundar algum tema. Quando se gerem propriedades tão diversas, com tantas ocupações diferentes e em tão distintas geografias é necessário que se tenha uma visão abrangente de todos os temas, só assim podemos gerir convenientemente equipas pluridisciplinares.
Em que região/regiões de Portugal exerce a sua atividade?
Em todo o País gerindo propriedades que vão desde Vinhais a Portimão, essencialmente em regiões desfavorecidas de montanha.
Quais são as espécies florestais presentes?
Principalmente eucalipto (38%), pinheiro bravo (36%), sobreiro (10%), carvalhos (5%) e azinheira (3%)
Quais são as características mais relevantes da floresta portuguesa e, mais especificamente, nas regiões em que desenvolve a sua atividade?
Como principais caraterísticas destaco as condições climáticas muito favoráveis à produção florestal. As temperaturas positivas verificadas ao longo do ano em praticamente todo o território nacional, permitem que as arvores estejam permanentemente em crescimento, ao contrário do que acontece em latitudes mais elevadas. Este fator, conjugado com elevados níveis de pluviosidade na primavera, período de maior crescimento, permite níveis de produtividade muito elevadas quando comparadas com outros países europeus. O Pinheiro bravo ou o Eucalipto são bons exemplos desta elevada produtividade, permitindo cortes aos 35/40 anos e a cada 9 anos, respetivamente.
Outra caraterística importante da floresta portuguesa é a presença de espécies como o pinheiro manso ou o sobreiro que permitem, sem corte das árvores, colheitas anuais (pinhão) ou a cada 9 anos (cortiça), prazos muito inferiores à floresta tradicional europeia.
Quanto aos principais constrangimentos à nossa atividade, que coincidirão com as principais fragilidades da floresta portuguesa, encontramos a fragmentação da propriedade, sobretudo nas regiões mais a norte do país, ou abandono da propriedade e consequente aumento do risco de incêndio, verificada em algumas regiões. A inexistência de opções para aproveitamento tradicional de alguns tipos de madeira, por exemplo do castanho para tanoaria, cestaria e mobiliário, poderão também ser constrangimentos, sendo que em simultâneo representam oportunidades de negócio por explorar.
